SEJAM BEM VINDOS!

Muitas ideias que expressavam sonhos. Muitos ideais que se manifestaram na simples reflexão de ser útil além das funções que exercemos ao menos por um instante. Várias alternativas a nossa frente e muitos obstáculos.

Um dia percebi que deveria ser útil universalmente, pensei e pensei como ascender a esta condição, pois, não possuía nenhum dom especial. No entanto, sou um homem que gosta de escrever. Explorei este caminho, pois as palavras e ideias são muito poderosas e podem servir para inspirar pessoas na sua trajetória vital.

Sou historiador um guardião da memória e pesquisador. Sou poeta de expressões líricas e sociais. Não sei se o que penso é certo ou errado, mas sei que aprendo e ensino dentro de um contexto imperfeito.

Este é meu universo virtual, um lugar de divulgação de minhas humildes e imperfeitas obras literárias e científicas.

domingo, 19 de janeiro de 2014

CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E GEOGRÁFICAS SOBRE O MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ-PR

Conheça a obra gratuitamente através dos endereços:
http://issuu.com/kotovski/docs/considera__oeshistoricasdetamandare(PARTE 1, páginas 000-483)
http://issuu.com/kotovski/docs/consideracoeshistoricasdetamandarer(PARTE 2, páginas 483-567)


EVOLUÇÃO TERRITORIAL

O atual território da cidade de Almirante Tamandaré é fruto de um processo de parcelamentos territoriais com gênese na pioneira meridional Capitania de São Vicente, pertencente inicialmente ao Capitão Donatário Martim Afonso de Souza.
Porém, há que ressaltar que o território tamandareense não existia neste momento histórico, pois o mesmo integrava os “Campos do Coritiba”, o qual era intensamente visitado por bandeiras e entradas. Entre as pioneiras se destacam a entrada de Aleixo Garcia, em 1524, e em seguida, em 1531, as expedições de Perô Lobo e Francisco Chaves.
Nesta época, os únicos habitantes encontrados no Primeiro Planalto Paranaense se resumiam aos silvícolas tinguis. Porém, este panorama mudou devido ao anúncio da descoberta de ouro em 1646, nas encostas da região da Serra Negra, feito pelo Capitão Povoador Gabriel de Lara e as simultâneas notícias com o mesmo teor oriundos dos sertões do Açungui, que compreendiam os Campos do Coritiba. Por efeito, muitos arraiais antigos começaram a receber maiores levas de aventureiros e outros começaram a se formar na região, principalmente nas proximidades dos rios Açungui, Conceição, Atuba, Passaúna, Barigui, como relata o historiador Romário Martins: “Antes dele houve os que fundaram arraiais de mineradores mais ou menos estáveis na região aurífera atravessada pelos caminhos de Açungui e do Arraial Queimado (Bocaiúva do Sul)", a seguir Borda do Campo (Atuba) (...)”.
Neste contexto, com a instalação do ciclo do ouro e das pedras preciosas, vários arraiais surgiram sucessivamente no século XVII e se impôs a necessidade de uma administração organizada. Foi nomeado administrador das minas dos distritos do sul Eleodoro Ébano Pereira, que chegou aos campos de Curitiba em 1649 e se deparou com arraiais de mais de 20 anos de existência e concluiu que o planalto era “terra de todos”. Em consequência desta nova condição, ocorreu que em 1654 foi fundado o povoado de Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais, ficando estrategicamente no local de encontro entre os mineradores e os negociantes de produtos agropecuários e extrativistas, sendo este povoado incorporado a Paranaguá em 1668.
Porém, a descoberta mais relevante e diretamente ligada de fato à sorte da futura cidade de Almirante Tamandaré foi a “Descoberta da Conceição” em 1680, realizada pelo bandeirante Salvador Jorge Velho.
Motivado por fatores ligados à exploração aurífera, não tardou para que as paragens (acampamentos de viajantes) e os pequenos arraiais existentes em Curitiba, mais especificamente na região que compreenderia o futuro território inicial de Almirante Tamandaré, começassem a evoluir para povoamentos permanentes, pois, ocorreu um interesse maior pelas terras próximas a esta região, as quais foram estrategicamente concedidas às pessoas influentes da Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais e da Vila de Paranaguá, que após a dividiam entre seus parentes.
Diante desta nova condição, segundo as informações do “Boletim do Archivo Municipal de Curityba/Fundação da Villa de Curityba, 1668 a 1745. Vol. VII”, elaborado por Francisco Negrão, a localidade de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais é elevada à categoria de Vila em 1693; o futuro território tamandareense se encontrava ainda vinculada a ela e estava parcelada em sesmarias, sendo as principais: Do “Bariguy”, que foi concedida em partes a Matheus Martins Leme, cuja referência geográfica plausível se dava do lado esquerdo em relação à cabeceira do rio Barigui; e a Sesmaria do “Botiatuva”, cedida em partes a familiares de Balthazar Carrasco dos Reis, que se dava do lado direito ao rio Barigui, tendo como orientação sua cabeceira, fora outras terras não tomadas posse pertencentes ao Marquês de Cascais (Dom Manuel José de Castro Noronha Ataíde e Sousa), que depois passaram a pertencer ao Conselho de Intendência, ou seja, a Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.
Em observância aos documentos de “transferências de imóveis”, fica evidente que o atual território tamandareense no século XVIII era conhecido como “Terras do Butiatuba”, em referência a sua provável ligação com a grande Sesmaria do Botiatuva, que a princípio tinha limites junto à margem direita do rio Barigui.
Pois, segundo o contexto do documento oficial de medição do “Rossio de Curitiba”, datado de 17 de setembro de 1721, assinado pelo escrivão da Câmara da Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, Gonçallo Soares Pais, existe a ocorrência de referência do possível marco inicial de Tranqueira localizado no antigo território do “Butiatuba”, como é possível perceber no texto do referido documento: “(...) foram ao marco da outra banda do rio chamado rio da Vila no primeiro espigão onde tinham chegado com a medição, e daí mediram pelo mesmo rumo (nordeste) para o Mato Grosso, atravessando a estrada que ia do sítio de João Alves Martins para o Butiatuba chamada Tranqueira, onde puseram uma cruz um pau para se saber que por aí chegava o rossio e daí foram com a medição pelo Mato Grosso adiante ao rumo do rio de Barigui, mediram 900 braças craveiras, e do dito rio não passaram por servir o rio de testada e aonde chegaram afinal com a medição e onde fazia um córrego grande, e descamparam a dita barra, e lhe fincaram duas uvaranas verdes por marco, medindo a barra do dito córrego entre as duas estacas de uvaranas; outrossim, fizeram uma cruz em um pinheiro grande mesmo na dita barra”[1]
...(CONTINUA)



[1] LOPES, José Carlos Veiga. Aconteceu nos Pinhais: subsídios para as Histórias dos Municípios do Paraná Tradicional do Planalto. Curitiba: Editora Progressiva, 2007, p. 16. (Observação: a destacada obra utilizada como referência nesta pesquisa possui textos compilados de documentos “adaptados à linguagem atual” sem alteração de seu teor em relação ao original extraído do BOLETIM DO ARCHIVO MUNICIPAL DE CURYTIBA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário