Conheça a obra gratuitamente através dos endereços:
http://issuu.com/kotovski/docs/considera__oeshistoricasdetamandare(PARTE 1, páginas 000-483)
http://issuu.com/kotovski/docs/consideracoeshistoricasdetamandarer(PARTE 2, páginas 483-567)
EVOLUÇÃO
TERRITORIAL
O atual território da cidade de
Almirante Tamandaré é fruto de um processo de parcelamentos territoriais com
gênese na pioneira meridional Capitania de São Vicente, pertencente
inicialmente ao Capitão Donatário Martim Afonso de Souza.
Porém, há que ressaltar que o território
tamandareense não existia neste momento histórico, pois o mesmo integrava os
“Campos do Coritiba”, o qual era intensamente visitado por bandeiras e entradas.
Entre as pioneiras se destacam a entrada de Aleixo Garcia, em 1524, e em
seguida, em 1531, as expedições de Perô Lobo e Francisco Chaves.
Nesta época, os únicos habitantes
encontrados no Primeiro Planalto Paranaense se resumiam aos silvícolas tinguis.
Porém, este panorama mudou devido ao anúncio da descoberta de ouro em 1646, nas
encostas da região da Serra Negra, feito pelo Capitão Povoador Gabriel de Lara
e as simultâneas notícias com o mesmo teor oriundos dos sertões do Açungui, que
compreendiam os Campos do Coritiba. Por efeito, muitos arraiais antigos começaram
a receber maiores levas de aventureiros e outros começaram a se formar na
região, principalmente nas proximidades dos rios Açungui, Conceição, Atuba,
Passaúna, Barigui, como relata o historiador Romário Martins: “Antes dele houve os que fundaram arraiais de
mineradores mais ou menos estáveis na região aurífera atravessada pelos
caminhos de Açungui e do Arraial Queimado (Bocaiúva do Sul)", a seguir
Borda do Campo (Atuba) (...)”.
Neste contexto, com a instalação do
ciclo do ouro e das pedras preciosas, vários arraiais surgiram sucessivamente
no século XVII e se impôs a necessidade de uma administração organizada. Foi
nomeado administrador das minas dos distritos do sul Eleodoro Ébano Pereira,
que chegou aos campos de Curitiba em 1649 e se deparou com arraiais de mais de
20 anos de existência e concluiu que o planalto era “terra de todos”. Em consequência desta nova condição, ocorreu que
em 1654 foi fundado o povoado de Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais,
ficando estrategicamente no local de encontro entre os mineradores e os negociantes
de produtos agropecuários e extrativistas, sendo este povoado incorporado a
Paranaguá em 1668.
Porém, a descoberta mais relevante e
diretamente ligada de fato à sorte da futura cidade de Almirante Tamandaré foi
a “Descoberta da Conceição” em 1680, realizada pelo bandeirante Salvador Jorge
Velho.
Motivado por fatores ligados à exploração
aurífera, não tardou para que as paragens (acampamentos de viajantes) e os
pequenos arraiais existentes em Curitiba, mais especificamente na região que
compreenderia o futuro território inicial de Almirante Tamandaré, começassem a evoluir
para povoamentos permanentes, pois, ocorreu um interesse maior pelas terras
próximas a esta região, as quais foram estrategicamente concedidas às pessoas
influentes da Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais e da Vila de Paranaguá,
que após a dividiam entre seus parentes.
Diante desta nova condição, segundo as
informações do “Boletim do Archivo
Municipal de Curityba/Fundação da Villa de Curityba, 1668 a 1745. Vol. VII”, elaborado por Francisco Negrão, a
localidade de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais é elevada à categoria de Vila em
1693; o futuro território tamandareense se encontrava ainda vinculada a ela e
estava parcelada em sesmarias, sendo as principais: Do “Bariguy”, que foi
concedida em partes a Matheus Martins Leme, cuja referência geográfica
plausível se dava do lado esquerdo em relação à cabeceira do rio Barigui; e a Sesmaria
do “Botiatuva”, cedida em partes a familiares de Balthazar Carrasco dos Reis,
que se dava do lado direito ao rio Barigui, tendo como orientação sua
cabeceira, fora outras terras não tomadas posse pertencentes ao Marquês de
Cascais (Dom Manuel José de Castro Noronha Ataíde e Sousa), que depois passaram
a pertencer ao Conselho de Intendência, ou seja, a Vila Nossa Senhora da Luz
dos Pinhais.
Em observância aos documentos de “transferências de imóveis”, fica evidente
que o atual território tamandareense no século XVIII era conhecido como “Terras
do Butiatuba”, em referência a sua provável ligação com a grande Sesmaria do
Botiatuva, que a princípio tinha limites junto à margem direita do rio Barigui.
Pois, segundo
o contexto do documento oficial de medição do “Rossio de Curitiba”,
datado de 17 de setembro de 1721, assinado pelo escrivão da Câmara da Vila
Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, Gonçallo Soares Pais, existe a ocorrência de
referência do possível marco inicial de Tranqueira localizado no antigo
território do “Butiatuba”, como é possível perceber no texto do referido
documento: “(...) foram ao marco da outra
banda do rio chamado rio da Vila no primeiro espigão onde tinham chegado com a
medição, e daí mediram pelo mesmo rumo (nordeste) para o Mato Grosso, atravessando
a estrada que ia do sítio de João Alves Martins para o Butiatuba chamada
Tranqueira, onde puseram uma cruz um pau para se saber que por aí chegava o
rossio e daí foram com a medição pelo Mato Grosso adiante ao rumo do rio de
Barigui, mediram 900 braças craveiras, e do dito rio não passaram por servir o
rio de testada e aonde chegaram afinal com a medição e onde fazia um córrego
grande, e descamparam a dita barra, e lhe fincaram duas uvaranas verdes por
marco, medindo a barra do dito córrego entre as duas estacas de uvaranas;
outrossim, fizeram uma cruz em um pinheiro grande mesmo na dita barra”.
...(CONTINUA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário